terça-feira, 26 de outubro de 2010

MORRE ROMEU TUMA - O SENADOR DA REPUBLICA

O corpo do senador Romeu Tuma (PTB) chegou por volta das 21h15 na Assembleia Legislativa de São Paulo, onde será velado nesta noite. Tuma morreu às 13h desta terça (26) no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, por falência múltipla dos órgãos. O enterro está marcado para as 15h desta quarta-feira (27) no cemitério São Paulo.

O irmão mais velho do senador, Rezkalla Tuma, foi o primeiro familiar a chegar ao local, que está repleto de coroas de flores. "Meu irmão só serviu. Desde muito jovem era muito dedicado às causas públicas, sempre foi humano, nós fomos criados sabendo que o nosso primeiro dever era estar com a sociedade", disse o irmão, afirmando que a internação do senador foi uma surpresa, pois ele estava em plena campanha. "Tudo indicava que não ia acontecer nada, achávamos que era um mal estar por conta do período da campanha, a luta foi muito grande para preservar a vida dele, uma luta que nós achamos que íamos conseguir."

Os filhos e a viúva de Tuma chegaram ao velório por volta das 20h30. Pouco antes chegaram também o governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) e o senador Eduardo Suplicy (PT-SP).

O tucano lembrou a simplicidade do senador. "Desde a eleição de 2002, convivi bastante com o senador Romeu Tuma. Criamos um laço de afeto. Ele era uma pessoa afável, simples." Já o petista recordou como o político falecido usava sua bagagem profissional como forma de enriquecer sua atuação parlamentar. "Estivemos juntos na comissão de Constituição e Justiça. Ele sempre dava bons conselhos, pela sua larga experiência que tinha na área de Segurança."

Internação
Paulista de ascendência síria, Tuma tinha 79 anos e estava internado na UTI do hospital desde o começo de setembro, para tratar de um quadro de insuficiência renal e respiratória. Ele, que sofria de diabetes e problemas cardíacos, permanecia ligado a aparelhos de diálise e de respiração artificial. No último dia 2, ele havia sido submetido a uma cirurgia cardíaca, para colocação de um dispositivo de assistência ventricular que auxilia o coração, chamado Berlin Heart. Desde então, seguia internado.

Nas últimas eleições, ele concorreu pela terceira vez ao Senado pelo PTB, mas desde o início da campanha a vitória era tida como improvável por conta da fragilidade de sua saúde. Ficaram com as vagas Aloysio Nunes (PSDB) e Marta Suplicy (PT). Tuma ficou em quinto lugar e obteve 3,9 milhões de votos (10,79%).

Antes de chegar ao PTB, militou pelo Democratas. Quando a legenda se chamava PFL, foi relator do processo de expulsão do então deputado federal Hildebrando Pascoal, acusado de serrar opositores. Também com parecer de Tuma, o partido expulsou o deputado estadual capixaba Carlos Gratz, por envolvimento com o crime organizado.


A vida de Tuma na política foi conseqüência de sua carreira como policial. Formado em Direito pela PUC-SP, foi investigador, delegado e diretor de polícia especializada na Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Em 1983, assumiu a Superintendência da Polícia Federal paulista e em seguida se tornou diretor-geral da PF, onde ficou até 1992.

Ainda nesse posto, acumulou os cargos de Secretário da Polícia Federal e Secretário da Receita Federal, quando instituiu a recepção de declarações do Imposto de Renda por meio digital. Também foi assessor especial no governo de São Paulo, na gestão de Luiz Antônio Fleury Filho.

Em 1995, assumiu mandato de senador pela primeira vez, eleito junto do hoje presidenciável José Serra (PSDB). Reelegeu-se em 2002 para atuar até 2011. No Congresso Nacional, foi eleito corregedor do Senado, cargo criado em 2006 e ocupado apenas por ele até hoje.

Entre seus principais trabalhos policiais, que o levariam a cargos políticos, estão a descoberta de ossadas de um dos mais procurados criminosos de guerra da Alemanha nazista, o médico Joseph Mengele, e a captura do mafioso italiano Thomazzo Buscheta, cujas confissões abalaram o crime nos EUA e na Itália.

Tuma também ficou conhecido por ter sido um dos policiais mais atuantes durante os anos do regime militar (1964-85), o que lhe rendeu o apelido de "xerife" e suspeitas de ligações com a ditadura.

Entre 1977 e 1983, foi diretor-geral do Dops (Departamento de Ordem Política e Social), órgão que ficou marcado por controlar e reprimir com rigor movimentos políticos e sociais contrários ao regime. Por conta disso, foi alvo de um ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal de São Paulo contra civis que tiveram participação em fatos da repressão na ditadura militar. Ele foi acusado de participar do funcionamento da estrutura que ocultou cadáveres de opositores do regime nos cemitérios de Perus e da Vila Formosa, em São Paulo, na década de 70.

Em maio deste ano, juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Federal de São Paulo, entendeu que Tuma sabia da ocultação do corpo de Flávio Carvalho Molina, militante de esquerda preso pelo DOI-Codi, órgão repressor da ditadura militar. A decisão do juiz contraria parecer do MPF que recomendou o arquivamento da ação.

Casado com a professora Zilda Dirane Tuma, teve quatro filhos e nove netos. Dos filhos, Robson teve quatro mandatos de deputado federal, Romeu Tuma Júnior foi secretário nacional de Justiça, mas acabou exonerado em meio a um escândalo, Rogério é médico neurologista e oncologista e cuidou do pai durante a internação no Sírio-Libanês, e Ronaldo é cirurgião dentista com especialização em identificação criminal.

* Com informações da Agência Senado

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